Um breve resumo do livro O Dia do Curinga de Jostein Gaarder... Contado com frases originais do livro.
Eu
já conhecia a historia toda...
O
que aconteceu foi que minha avó, com o cesto cheio de uvas-do-monte, teve um
problema com o pneu da bicicleta lá em Froland.
Foi
então que um soldado alemão passou pedalando pela estrada.
Infelizmente,
nem sempre a gente pode escolher a pessoa por quem se apaixona.
Meus
avós se encontravam às escondidas.
No
verão de 1944, Ludwig Messner foi mandado de volta para a Alemanha, a fim de
defender o Terceiro Reich alemão no front oriental.
O
passeio de bicicleta até Froland e tudo o que se seguiu a ele poderia ter caído
no esquecimento se minha avó não tivesse ficado grávida. Isso deve ter
acontecido pouco antes da partida do meu avô para o front oriental, mas ela só
descobriu que estava grávida algumas semanas depois.
Meu
pai nasceu pouco antes da libertação, em maio de 1945.
Tudo
isso para dizer que meu pai teve uma infância difícil. E aos dezessete não
aguentou mais. Embora gostasse muito de Arendal, resolveu abraçar a vida de
marinheiro e saiu para o mar.
Só
sete anos depois voltou para Arendal. Nessa ocasião ele já tinha conhecido
minha mãe em Kristiansand. Eles se mudaram para uma velha casa em Hisᴓy e foi
ali que eu nasci, em 29 de fevereiro de1972.
Mamãe
tinha nos deixado, meu pai e eu, quando eu tinha quatro anos.
...
começou a trabalhar como modelo. Por causa da profissão, ela precisava viajar
constantemente para Oslo.
E
um belo dia não voltou mais para casa.
Mamãe
quis sair pelo mundo para se encontrar.
Lá
estava mamãe: na capa da revista e também na matéria de dentro.
Queríamos
ir a Atenas, só que não para passar férias de verão: em Atenas, ou em algum
outro ponto da Grécia, queríamos procurar mamãe.
Na
fronteira com a Suíça, paramos num posto muito esquisito, que tinha apenas uma
bomba de gasolina. De dentro de uma casinha verde saiu um homem tão baixinho
que na certa devia ser um anão ou coisa parecida.
...
ele nos aconselhou a pernoitar num pequeno povoado chamado Dorf.
Quando
quisermos prosseguir nossa viagem, ele me deu uma pequena lupa dentro de um
estojinho verde.
Quando
acordei na manhã seguinte, vi que realmente tínhamos chegado a Dorf.
Atravessei
a rua na frente de uma pequena padaria. A vitrine era a única coisa que eu
ainda não tinha visto na cidade.
Um
minúsculo peixinho de cor alaranjada, ou dourada, não sei bem, nadava em
círculos dentro do aquário.
O velho padeiro
entrou num outro cômodo que havia nos fundos da padaria. Pouco depois, voltou
com quatro pãezinhos, que colocou num saco de papel. Entregou-me o embrulho e
disse, num tom sério e solene:
─
Você precisa me prometer uma coisa. Uma coisa muito importante, meu filho.
Prometa-me que vai deixar o pãozinho maior por ultimo e que só vai comê-lo
quando estiver sozinho. E não conte nada a ninguém, entendeu?
Sentei-me
na cadeira ao lado da cama e mordi o pãozinho no escuro.
De
repente meus dentes bateram em alguma coisa dura. Abri o pãozinho com as mãos e
achei dentro dele um objeto do tamanho de uma caixa de fósforos.
O que eu tinha nas mãos era um livrinho. Na
capa estava escrito: A bebida púrpura e a
ilha mágica.
Abri
a primeira página e tentei decifrar as letrinhas. Mas era simplesmente
impossível. Só então me lembrei da lupa.
Escrevo essas memórias
em janeiro de 1946...
─ Eu me chamo Ludwig...
Eu fui um dos muitos que,
depois da Segunda Guerra Mundial, procurou um lugar para se refugiar.
... acabei chegando a
Dorf, onde conheci o velho padeiro Albert Klages.
Albert sentou-se em sua
cadeira de balanço.
─ Nasci em 1881, aqui
mesmo em Dorf.
Eu só tinha quatro anos
quando minha mãe ficou tuberculosa.
Lembro-me principalmente
do enterro.
Logo meu pai começou a
beber...
No meio de todo esse
sofrimento, porém, acabei ganhando um grande amigo: o padeiro Hans.
O padeiro Hans tinha
sido marinheiro em tempos passados...
... Hans passou a me ver
como um filho.
... muitas vezes ele me
contava histórias emocionantes sobre sua vida de marinheiro.
... você também vai conhecer o segredo da
bebida púrpura.
─ Você tem de prova-la,
meu jovem.
Ela tem o gosto de tudo
ao mesmo tempo, e ainda por cima tem o gosto de frutas e de coisas que você
jamais imaginou que pudessem existir.
O vidro da garrafa era
transparente, mas o que havia dentro dela era vermelho e amarelo, verde e
violeta, ou todas essas cores juntas.
─ Uma pequena prova é
mais do que suficiente, pois o efeito de uma só gota da bebida púrpura dura
muitas horas
Uma gota agora e mais
nenhuma.
...meu
pai comprou um baralho.
Ele
colecionava curingas.
... quando ele via alguém jogando cartas,
pedia que lhe dessem o curinga.
... quando voltei á casa
do padeiro Hans, ele estava me esperando...
─ Nasci em Lubeck, numa
fria noite de inverno, em janeiro de 1811...
... decidi trocar tudo
pela vida no mar...
No outono de 1842, nós
viajávamos de Rotterdam para Nova York levando mercadorias.
... fomos surpreendidos
por uma tempestade.
O que me lembro a seguir
é que acordei num bote salva-vidas.
Embora tivesse chegado a
salvo numa ilha dos mares do Sul, eu não estava muito otimista.
─
Vamos ao parque de diversões que ficou ali atrás ─ eu disse.
─
O anão!
...
Você quer ver o seu futuro?
─ This is a very special boy...
…
justo no momento em que passávamos por baixo de uma ponte, uma carinha já
conhecida apareceu...
─
O anão!
Foi então que descobri á
distancia duas figuras humanas.
Eram dois homens
gordinhos e não ultrapassavam a altura do meu peito.
O Dois de Paus olhou
para o Três de Paus e soltou um assobio bem forte:
─
Um ás! ─ disse ele
─
A gente vem do povoado.
...Vamos viajar junto com nosso carro dentro de um enorme
barco...
Numa clareira da floresta havia uma
grande casa de madeira... uma espécie de fábrica... se tratava de uma oficina
de vidro.
As
mulheres que trabalhavam na oficina de vidro usavam roupas cor-de-rosa... suas
vestes traziam os símbolos de ouros na altura do peito, como nas cartas de um
baralho.
Depois
de caminhar por algum tempo, encontrei uma outra figura... em suas costas havia
um enorme coração vermelho-sangue.
─
Preciso tentar encontrar Frode...
No
mesmo instante o Valete de Ouros voltou a si.
O
valete correu até o velho e me apresentou.
─ Mestre ─ disse ele ─
Aqui está um novo curinga.
─ Muito bem ─ disse o meu pai. ─ Agora podemos dizer que
estamos no mar, Hans-Thomas.
─ De fato, acho que deveríamos pegar todos os passageiros
deste navio e perguntar se eles sabem nos dizer por que vivemos...
Eu observava com cuidado cada uma daquelas pessoas...
E
pela primeiríssima vez eu tinha conseguido pedir sozinho um curinga numa mesa
de jogo.
─ Então faz exatamente
cinquenta e dois anos, meu jovem... Saíamos do México em outubro de 1790... o
brigue em que eu viajava virou... Só eu consegui escapar...
E com as plantas da ilha
passei a fabricar também bebidas... um suco a que dei o nome de tufo... Mas
também inventei uma bebida que chamei de bebida púrpura.
Empurrei
as cortinas da janela para o lado... e dei de cara com um rosto do outro lado
do vidro. Era o anão!
O
anão era um clandestino a bordo.
No navio, jogávamos
cartas o tempo todo; eu tinha sempre um baralho no bolso.
Na minha completa
solidão dos primeiros anos, eu vivia jogando paciência.
... comecei a atribuir a
cada carta diferentes características. Eu não as via como simples cartas de
baralho, mas como cinquenta e dois indivíduos de quatro famílias diferentes.
E depois de dois meses
já estava conversando com as cartas do baralho.
Eu conseguia jogar
paciência mesmo sem cartas, só com o pensamento.
De repente, duas figuras
vieram andando em minha direção.
Eram o Valete de Paus e
o Rei de Copas.
Mas justo essas
criaturas da minha imaginação eram diferentes de todas as outras. Elas tinham
percorrido o inexplicável caminho que leva do espaço da criação na minha cabeça
para o espaço real, espaço criado.
A
primeira coisa que meu pai comprou quando chegamos ao Peloponeso foi um numero
da mesma revista de moda que sua tia tinha comprado em Creta.
Pegou
a revista e perguntou nas mesas vizinhas se alguém sabia falar inglês ou
alemão.
Meu
pai mostrou-lhes a página da revista com a foto da mamãe e pediu-lhes que
traduzissem o que estava escrito embaixo da foto, em letras miúdas.
Chegamos
a Delfos por volta do meio-dia...
─
Durante toda a Antiguidade, as pessoas vinham até aqui para consultar o oráculo
de Apolo.
─ E
o que nós vamos perguntar? ─ eu quis saber.
─
Se vamos encontrar Anita em Atenas...
Depois
de o oráculo nos ter garantido que encontraríamos mamãe em Atenas, subimos um
pouco mais pelo terreno acidentado onde ficavam as ruínas do templo...
...
os antigos gregos tinham gravado uma inscrição no antigo templo com os
seguintes dizeres: “Conhece-te a ti mesmo”.
─ O jogo de cartas já
estava completo havia muitos anos... Um dia, porém, esse pequeno bobo da corte
apareceu sem mais nem menos no povoado.
─
Quer dizer que ele entendeu mais do que os outros o que estava acontecendo por
aqui?
Pela
primeiríssima vez alguém desta ilha se opunha ao que eu dizia.
“Eu
sou o Curinga”, gritou ele. “Não se esqueça nunca disso, meu caro Mestre. Eu
não sou rei nem valete, e nem sou de ouros ou paus ou copas ou espadas.”
Daquele
dia em diante, todo o povoado toma bebida púrpura.
─
Eles não envelhecem...
E
a imaginação tem o estranho poder de fazer com que tudo aquilo que cria
continue jovem e vivo para sempre.
─...
Preciso contar a você sobre o calendário e sobre o grande jogo do Curinga.
Em
pouco tempo, as cartas passaram a ter uma importância fundamental no calendário
que usamos para marcar o tempo aqui na ilha.
O
ano tem cinquenta e duas semanas, ou seja, uma semana para cada carta do
baralho.
...
distribuem-se por treze meses, cada um com vinte e oito dias... Cada carta tem
a sua semana e o seu mês.
Bem,
o ano também tem quatro estações: ouros na primavera, paus no verão, copas no
outono e espadas no inverno.
─Sete
vezes cinquenta e dois são trezentos e sessenta e cinco dias.
─Exatamente.
Só que o ano tem trezentos e sessenta e cinco dias. E esse dia sobressalente,
nos o chamamos de “dia do Curinga”.
─E
em que semana estamos?
─...
é o dia do Curinga. Ou melhor, o primeiro dos dois dias do Curinga. E vai
começar com uma grande festa.
─
A festa do Curinga é comemorada, portanto, a cada fim de ano. Ou a cada começo
de um novo ano, se você preferir. Mas só a cada quatro anos é que se joga a
grande paciência... Trata-se do grande jogo do Curinga.
...cada um dos cinquenta
e dois anões tem de inventar uma frase...
─E na festa do Curinga
eles declaram as frases que inventam?
─Exatamente. Mas essa é
só a primeira parte do jogo. Depois é a vez do Curinga... No decorrer da festa,
o Curinga altera a ordem de apresentação das frases e elas vão formando um todo
coerente.
─Mas ás vezes parece que
aquele todo, quer dizer, o conto ou a história que se forma com as frases, já
existiu antes.
“Jovem marujo chega ao
povoado no último dia do Rei de Espadas. Marujo decifra enigma com Valete de
Ouros. Velho Mestre recebe importante notícia de sua terra nata”.
─Vovô! ─ exclamei.
Depois o abracei e o apertei com força contra mim.
...contei
ao meu pai sobre o calendário da ilha mágica. É claro que não podia revelar a
ele onde tinha lido sobre o assunto.
Quando
nos aproximávamos de Atenas, descobrimos de repente uma enorme placa de
sinalização.
─
ATINA ─ leu o meu pai em voz alta, e sacudiu os ombros. ─ Isso é grego e
significa “Atenas”.
─...
Leia os dizeres de trás para frente, por favor.
─
ANITA ─ leu ele dessa vez.
─...
Isso significa que ela está aqui, entende?...
─São as anãs de copas ─
disse ele, ainda com a voz embargada. ─ Elas vieram me buscar para a festa do
Curinga.
E entramos no salão de
festas.
...o Curinga adentrou o
salão de festas aos saltos e acrobacias.
E assim, os cinquenta e
dois anões formavam um círculo.
─Feliz Curinga! E um
Feliz Ano-Novo!
...
aos poucos eu ia percebendo que, no fundo, meu pai tinha medo de encontrar
mamãe.
─...
Acho que você deveria ir mais devagar com a bebida...
─ Vocês pensaram em
algumas palavras para dizer no jogo do Curinga?
─Siiim! ─ responderam os
anões em uníssono.
─ Então chegou a hora de
cada um declamar a frase que inventou! ─ disse o Curinga.
─ Onde está Frode? ─
perguntei.
─ O senhor gostaria de
experimentar um pouco dessa bebida cintilante? ─ perguntou o Curinga com um
sorrisinho pérfido no canto da boca.
Estendeu o braço me
oferecendo uma garrafa, e eu estava tão confuso que a coloquei na boca e bebi
um gole.
No mesmo instante, Frode
entrou ás pressas no salão.
─ Seu patife! ─ berrou
Frode.
─ Você precisa acordar!
─ disse ele ─ O Curinga vai começar a resolver o grande mistério!
“Brigue de prata afunda
em mar bravio. Marujo é jogado em ilha que não para de crescer. Bolso do paletó
oculta baralho que iria secar ao sol. Cinquenta e três cartas fazem companhia
durante anos para o filho do mestre-vidreiro.
Antes de as cartas
perderem a cor, cinquenta e três anões são forjados na imaginação do marujo
solitário. Figuras estranhas dançam na cabeça do Mestre. Quando Mestre
adormece, os anões ganham vida. Numa bela manha, rei e valete escapam do
cárcere da consciência.
Criaturas da imaginação
saltam do espaço que cria para o espaço criado. Mágico tira figuras da manga do
paletó e elas descobrem que têm vida própria. Criaturas são belas, mas todas
perderam a razão, exceto uma. Só o curinga do jogo não se deixa iludir.
Bebida cintilante
bloqueia sentidos do Curinga. Curinga cospe bebida cintilante. Sem o soro da
mentira, pequeno bobo da corte consegue pensar com clareza. Cinquenta e dois
anos depois, neto do náufrago chega ao povoado.
A verdade está nas
cartas. Filho do mestre-vidreiro é logrado pelas criaturas que ele mesmo
inventou. Criaturas se rebelam contra o Mestre. Mestre não tarda a morrer pela
mão dos anões.
Princesa do sol encontra
caminho para o mar. Ilha mágica é destruída de dentro para fora. Anões têm
cartas ruins. Filho do padeiro foge antes do castelo de cartas ruir.
Filho do padeiro foge
para as montanhas e se refugia em povoado distante. Padeiro oculta tesouros da
ilha. Nas cartas está o que vai acontecer.
Povoado acolhe menino
abandonado, que perdeu a mãe, vítima de doença. Padeiro lhe oferece bebida
cintilante e lhe mostra seus lindos peixes.
Marujo se casa com bela
mulher, que ganha um menino antes de ir para país do Sul a fim de se encontrar.
Pai e filho procuram bela mulher, que não consegue se encontrar.
Anão de mãos frias
mostra caminho para povoado distante e dá ao menino do país do Norte uma lupa
para a viagem. A lupa se encaixa no pedaço de vidro que falta no aquário.
Peixinho não revela segredo da ilha, mas pãozinho sim.
O destino é uma cobra
faminta que se engole a si mesma. O que está dentro da caixa revela o que está
fora e o que está fora da caixa revela o que está dentro. O destino é uma
couve-flor, que cresce por igual em todas as direções.
Homem do pãozinho fala
no tubo mágico e sua voz alcança centenas de milhas. Marujo cospe bebida forte.
A paciência é uma
maldição de família. Há sempre um curinga que não se deixa iludir. Quem quer
entender o destino, tem de sobreviver a ele.”
─
Estive com um agente que trabalha com modelos ─ disse ele. ─ Ele me assegurou
que em toda a Atenas não há nenhuma modelo de nome Anita Tᴓrặ...
─Somos fruto da
imaginação de Frode ─ disse o Curinga...
Foi como se os anões
acordassem de um longo sono.
Desta vez foi o Rei de
Ouros quem tomou a palavra:
─ De fato é muito triste
saber que o Curinga nos disse a verdade ─ disse ele. ─ Pois isso significa que
o Mestre tem de morrer... Enquanto Frode circular pelo povoado, sua presença
vai nos lembrar de que somos criaturas artificiais.
─... Ordeno-vos,
portanto, que decepeis a cabeça do Mestre!
─ Não é necessário,
Majestade< o mestre Frode já astá morto!
Frode havia deslizado de
sua poltrona e jazia no chão, sem vida.
─ Nós precisamos chegar
ao mar...
─ Ilha mágica é
destruída de dentro para fora...
O Curinga começou a
remexer as coisas dentro de um armário e logo encontrou o que estava procurando:
uma garrafa cheia até a metade de bebida púrpura.
Longe, lá longe dava
para ver a espuma branca das ondas quebrando na praia.
Vi que o Curinga já
estava no bote e se afastava da ilha remando...
No fim daquela tarde
fomos recolhidos por uma escuna de Arendal.
Mais tarde, naquele
mesmo ano, cheguei a Dorf.
De
longe pude ver que ele tinha esperança de ncontrar mamãe.
─
Lá está ela ─ disse o meu pai.
Achava
o cúmulo que tantas pessoas pudessem estar ali fotografando e olhando mamãe
enquanto nós dois, meu pai e eu, não tínhamos tido nem sinal dela durante mais
de oito anos.
Mamãe
ficou dura como pedra quando me viu andando em sua direção.
─
Hans-Thomas ─ disse ela suspirando. Depois não disse mais uma palavra sequer e
simplesmente começou a chorar.
Meu
pai deu um ou dois passos em nossa direção e disse:
─
Nós atravessamos a Europa inteira à sua procura.
Não
foi preciso dizer mais nada, pois nesse momento mamãe o abraçou e, colada nele,
continuou a chorar.
Eu sabia que o padeiro
Hans morreria em breve e que eu seria o próximo padeiro de Dorf. Sabia também
que eu seria aquele que, dali em diante, carregaria consigo o segredo da bebida
púrpura e da ilha mágica.
Esse é o segredo dos
peixinhos coloridos, Albert: cada um deles também é um indivíduo único,
insubstituível.
O padeiro Hans morreu
alguns anos depois de ter me contado sobre a ilha mágica.
─
Ela vai voltar conosco para Arendal?
Já
na confeitaria...
─
Você acha que um dia vai poder me perdoar, Hans-Thomas? ─ perguntou ela.
─
Depende ─ respondi...
Na
tarde daquele dia nós já sabíamos que éramos uma família e que nenhum de nós
suportaria um dia a mais de separação.
O
importante é que CONSEGUIMOS.
E a história continua...
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